Não sei o que teria sido a minha vida sem o New Order .
A banda britânica pontuou toda a minha adolescência e se eternizou até agora.
Impossível lembrar de todos os momentos, mas posso jurar que
foram inúmeros.
E todos dignos de rodopios eletrizantes.
A dance floor dos anos 80/90 tinha estilo.
Não era nada comum ou cansativo.
Pelo contrário.
Era sensacional ter
ao alcance sucessos que iam de Depeche
Mode à Grace Jones,
O tempo passou.
Hoje sou uma quarentona que tem um baú repleto de recordações
musicais.
São coisas que me remetem a um tempo em que atitude era
importante.
Estou falando de atitude de verdade, não essa coisa meio
fake que a juventude adotou com Lady Gaga & Cia.
New Order era atitude.
Uma parte das canções nos botavam pra dançar.
E outras nos levavam direto pra uma reflexão repleta de sons
intenso e tristes.
Eles sempre tiveram a capacidade de colocar tudo em diversos
lugares.
Uma parte dessa competência continua intacta.
A outra foi digerida pela indústria e perdeu o encanto.
Mas isso é normal, vivemos numa época da globalização, a
internet mastiga tudo e nos entrega bem diluído.
Essa é a realidade.
Ela dá.
Ela tb tira.
O novo disco do New Order chama-se “Music Complete”.
Faz jus à uma banda que continua fazendo músicas dançantes com
extremo bom gosto.
Mas algo se perdeu, algo ficou pra trás.
Ouvi com a sensação de que o disco é bom, mas jamais terá o
brilho de antes.
E isso é normal né?
O que posso esperar de uma banda que está há anos fazendo a
mesma coisa?
Cá entre nós, seria desolador imaginá-los fazendo algo
diferente.
Isso é New Order.
Ponto final.
Eu sou do tipo que compra discos de quem gosto.
Gosto de ter a obra em mãos.
Quero o registro oficial.
Quero sentir o toque do disco, olhar o encarte.
E olha que nem se compara ao prazer de pegar num vinil.
Mas não serei hipócrita em negar que ouvir o disco via
spotify pelo meu celular.
Que coisa mais desanimadora.
Não tem poesia.
Não tem poder.
Parece música de radinho de pilha.
A curiosidade venceu mais uma vez.
Porém, não alterou o resultado.
Gostei do disco.
Algumas faixas são mais poderosas que outras.
Fiquei envolvida por “Stray Dog” parceria com Iggy Pop num
vocal possante.
E gostei de quase todas as outras.
A velha guitarra de Bernard Sumner ainda tem o poder de me
levar de volta aos anos dourados.
E nem deu pra sentir falta do exibido Peter Hook, que chamou os integrantes de fraude.
“Music Complete” é um
disco que não faz feio.
Produz hits dignos da fama criada pela banda.
A importância musical do New Order é tanta que fica
impossível não aplaudir este novo trabalho.
Pode não ter o mesmo vigor de antes, mas quem liga?
Produzido pelos geniais Stuart Price e Tom Rowlands, Sumner
dá uma banana federal ao arrogante ex-parceiro.
Fraude ou não, New Order segue sendo fiel à sua história.
Ótimo registro de uma banda que sabe fazer dançar com inteligência
e elegância.
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