Cláudia Pereira

Blogueira cinéfila



Algumas séries retornaram  das férias  trazendo um leve sopro de novidades. O Cultura Míope apresenta agora uma rápida análise do que ainda vale a pena seguir. Vamos lá....


“The Affair”

“ The Affair”  agora aposta no  lado da história vivido por outros personagens.

Os roteiristas  tiraram o casal central do foco e deram a oportunidade de  Helen (Maura Tierney) e Cole (Joshua Jackson) de serem mais que meros coadjuvantes.

Atitude que vem comprovar que a série merece mesmo o grande borburinho que causou.

Maura Tierney e Joshua Jackson ofuscaram completamente o já saturado casal traíra da trama.

Interpretações de fazer babar qualquer cinéfilo que se preze.



“The Leftovers”



A série mais doidaça do ano passado voltou surpreendendo.

Eu já havia decretado minha desistência, mas fui  obrigada a reconhecer que os produtores resolveram chacoalhar tudo com uma pitada ainda maior de drama.

Resumindo, mudei de ideia  rapidinho.  

A mudança de cidade, o surgimento de velhos fantasmas, o recomeço em busca da salvação e liberdade, tudo
isso tornou  os personagens  bastante  humanos.

O bizarro foi substituído pela dor de superação que todos parecem buscar.

Justin Theroux ressurge ainda mais sensacional, dando ao seu personagem um tipo de loucura que parece fugir do controle.

Dois episódios marcam o início de uma segunda temporada que promete  eliminar  a injusta fama que a série adquiriu.



Homeland”



Há anos estou acompanhando a saga da incansável Carrie Mathison.

Talvez isso explique um pouco o meu cansaço em relação a série.

Sinto-me exausta de tanto confronto,sangue, jogadas governamentais e outras mazelas.

Carrie retorna agora morando na Alemanha, tomando conta da filha hiper fofa, namorando um cara legal e tal.

Obviamente que a moça irá se envolver novamente com a turma barra pesada da CIA.

O problema é que a saída dada pelos roteiristas não convence, não empolga.

Falta um pouco mais de alma.

Pela primeira vez em anos, sinto-me desmotivada.

Talvez seja o momento de parar por aqui.

Que tal aceitarem o fato de ninguém mais sente  tesão pelas idas e vindas de Carrie?

E o chatíssimo Quinn tb já deu.

Game over!


“Madam Secretary”





Foi uma surpresa e tanto pra CBS.

Quem imaginaria que a série teria bons índices de audiência e ainda teria arrebatado elogios à atriz principal?

Fiquei muito impressionada com o talento demonstrado por Téa Leoni.

Nunca imaginei que ela seria capaz de apresentar algo tão diferente.

Téa nasceu pra ser Elizabeth McCord!

Aliás, todo o elenco responde à altura com extrema afinidade.

“Madam Secretary”  retorna dando um primeiro episódio que nos deixa  sem fôlego.

Como assim, Elizabeth virando presidente por um dia?????

WTF???????????

A diva não perdeu a oportunidade de sambar na cara do irritante  Russel Jackson!!

Já estou toda animada pra conferir o que os produtores irão aprontar.

McCord me representa!!



“Empire”



A série sensação do  momento tem um retorno  mais que satisfatório.

A ótima audiência não deixa duvidas de que outras temporadas virão.

A família Lyon continua  tendo que lidar com a luta pelo poder que aflige a todos.

O todo poderoso Lucious (Terrence Howard) vê-se cercado por todos os lados.

Cookie Lyon (Taraji P. Henson) continua determinada a retomar o que é seu por direito.

Claro que a mulher não enxerga que uma parte do sucesso do selo Empire deve-se ao tino comercial e talento do ex-marido.

Cookie conseguiu dividir o clã ao meio e abriu concorrência.

Jamal (Jussie Smollett) uniu-se ao pai .

Hakeem (Bryshere Gray) ficou com a mãe.

E Andre (Trai Byers) recusa-se a aceitar que não é aceito pelo próprio pai.

Rejeita Cookie em prol de uma companhia que agora lhe vira as costas.

Todo essa penca de personagens consegue sobreviver aos exageros criados por Lee Daniels.

“Empire” tem pinta de novela mexicana repleta de hip hop e violência.

O carisma do elenco é tanto que a gente nem liga  pro egocentrismo presente em todos os personagens.

Eu torço por Cookie.

Eu torço por Lucious.

Não consigo resolver esse amor bandido que nutro pelos dois inimigos.

A série volta com mais intrigas e músicas que ficam na cabeça.

Um tiro certeiro na concorrência.

“Empire” é a série maldita malditona que todo mundo queria ter escrito.

Sensacional demais pra não ser vista!

Corre lá.



“How to get away with murder”




Pra mim, a melhor série em exibição.

Ninguém consegue ficar imune  as reviravoltas orquestradas pelo criador Peter Nowark.

Tudo isso produzido pelas mãos da poderosa Shonda Rhimes.

Curiosamente, muita gente acredita que a série tenha sido criada por ela.

Estranho?

Não pra quem conhece o toque de Midas da famosa produtora.

“HTGAWM”  conseguiu inovar um gênero que andava pra lá de saturado.

Sabe aqueles dramas de tribunais em que o culpado sempre sofre as consequências no final?

Esqueça.

Temos a brilhante advogada Annalise Keating dando uma aula de como livrar seu cliente de pagar por algo que cometeu ou não.

Ao mesmo tempo que defende prováveis culpados no tribunal, Annalise administra aula numa famosa faculdade e tenta ensinar a seus alunos tudo aquilo em que acredita.

Infelizmente, ela se vê envolvida numa trama sangrenta que envolve seus pupilos e termina por tornar-se cúmplice  de um assassinato brutal.

A primeira temporada parecia ter dado um fim ao sofrimento dos alunos.

Mas eis que tudo retorna ainda bem mais trágico na sequência dos fatos.

O primeiro episódio colocou uma bomba no colo dos fãs e plantou a semente da dúvida.

Será o fim de Annalise????

“HTGAWM” exige muita atenção de quem a assiste.

Se vc é um desses que não consegue largar o celular, aconselho distância.

Vá cuidar da sua rede social

“HTGAWM” merece cada minuto da sua atenção.

Livre-se do que não vale a pena, e venha desfrutar das artimanhas criadas pela nefasta Annalise Keating.



“Faking it”





A série criada pela MTV alcançou certa notoriedade por lidar com os dramas adolescentes vividos por suas personagens.

A primeira temporada foi realmente deliciosa.

11 episódios enxutos e divertidos que fizeram de “Faking it” um sucesso.

Infelizmente, os produtores sedentos de grana, resolveram prolongar a segunda temporada para dezenas de episódios que terminaram ofuscando a leveza da série.

A amizade que pode ou não virar amor entre Amy e Karma perdeu o fôlego.

Aliás, as garotas parecem mais interessadas  em vivenciar uma fase mais sexual do que manter a velha chama da amizade acesa.

Amy virou uma dependente emocional que namora uma dj fofa apenas pra provar a si mesma que é capaz.

E Karma segue dando banho de egocentrismo, imaturidade e tolice.

Nem o namoradinho é poupado das insanidades impostas pela guria.

Conseguiram tornar o personagem mais fofo um cara que beira o ridículo.

Shane (Michael Willet) deixou de ser engraçado.

Simples assim.

“Faking it”  pagou caro pela ambição desmedida do próprio canal.

Poderiam ter aguardado um pouco mais pra apresentar um roteiro digno com o excelente início.

Fui derrotada.

Já desisti e não sinto-me obrigada a seguir mais nada.

Desejo a “Faking it”  uma morta lenta.

Tchau!


"The Walking Dead"




TWD nos presenteia com uma estreia alucinante.

O melhor episódio de toda a série até agora.

Não tem tempo pra conversa fiada.

Os primeiros minutos são de enlouquecer qualquer fã.

Os produtores optaram por fazer com que os flashbacks fossem em P&B.

O momento atual adquire cores fortes e muito barulho.

Tudo orquestrado por Rick Grimes (Andrew Lincoln) e sua turma de amigos fiéis. 

TWD é realmente viciante.

Sou obrigada a reconhecer que ela nos mantém refém de toda a parafernália zumbi nation.

Enfim, uma aula de como deve-se manter os fios presos num só lugar.

Angustiante!! 



"Fargo"





Noah Hawley traz de volta seus personagens disfuncionais e esquisitões que vivem sob a neve de uma cidade do interior.

Após o enorme sucesso de crítica alcançado na temporada anterior, Hawley volta a cutucar a hipocrisia e o conservadorismo presente na pacata sociedade americana.

A segunda temporada é ambientada no final dos anos 70 e mostra a vida do policial (Patrick Wilson) ao lado da esposa doente e da filha Molly Solverson que foi brilhantemente interpretada por Alisson Toleman na primeira temporada.

Molly aqui ainda é uma garotinha, ou seja, a série passeia pela vida do seu pai que irá investigar um caso escabroso de assassinato triplo.

Um dublê de mafioso será o responsável pela matança acidental e acabará sendo atropelado pela loura tonta (Kirsten Dunst).

Ela conta ao marido o incidente e ambos decidem ocultar o cadáver num freezer pra ninguém descobrir.

Resolvem fingir que nada aconteceu.

Notem que a mesma atitude meio que permeou toda a primeira temporada.

Fargo parece realmente cutucar o hábito de que algumas pessoas têm de encobrir os piores segredos.

O primeiro episódio começa morno e termina por mostrar a sua face da violência lá pela metade.

É nesse momento que fui fisgada.

O novo elenco é repleto de estrelas.

Patrick Wilson, Kirsten Dunst, Ted Danson e Jean Smart.

"Fargo" segue tendo um toque cult.

Uma série sofisticada que tem a ousadia de inovar.

Grande registro feito pra tv, mas com pinta de tela grande.






Janet voltou.

E voltou pra mostrar como se faz um disco dançante e de boa qualidade.

Miss Janet não tem medo da concorrência e lança "Unbreakable" fazendo estardalhaço.

Entrou liderando via Billboard e colocou seu nome em mais um novo recorde.

Deve ter muita gente mordendo os lábios de espanto.

Quem imaginaria que a mulher ainda teria fôlego pra nos surpreender?

Pois é, surpresas não faltam no disco.

Eu mesma fui lá conferir faixa a faixa e fiquei deliciada de comprovar o óbvio.

Janet Jackson é uma artista completa.

Sinto muito por vc que nunca ouviu nada nela.

Corra que ainda dá tempo.

Foi lá pelos idos anos 80 que a moça provou ser muito mais que apenas a irmã de Michael Jackson.

Janet teria sido um ícone se não tivesse ficado à sombra do famoso irmão.

Esqueçamos tudo isso e vamos ao que interessa.

 "Unbreakable" é dançante, intenso, emocionante e sensível.

Um disco que fala da luta em superar perdas, que tenta homenagear aos fãs fieis que sempre acreditaram no potencial de Janet.

E ela realmente nos homenageia com a faixa que dá título ao disco.

"Unbreakable" reflete a gratidão que ela sente pelo público que sempre a acompanhou.

Sinto-me abraçada por ela, sempre ouvi e reverenciei essa grande artista.

As faixas se multiplicam numa cadência gostosa, ora com batidas insanas, ora com a suavidade que sempre lhe foi peculiar.

"Burnitup"conta com a participação de Missy Elliott.

Deverá fazer sucesso nas pistas.

A voz de Janet duela com o rap da Missy fazendo com que a pista trema.

"The Great Forever" é repleto de referências ao irmão famoso.

Uma batida gostosa que gruda feito chiclete.

"Shoulda known  better" fala sobre lutar contra as injustiças sociais, a música começa suave e aos poucos vai tomando um ar mais denso. Linda.

"After you Fall" é uma balada ao piano.

Ela parece refletir os momentos sombrios vividos pela cantora.

"Quem estará lá depois da sua perda" pergunta Janet.

Caiu uma lágrima e eu aplaudi....novamente.

"Broken Hearts é uma clara homenagem ao irmão.

"A vida me parece tão vazia e eu sinto tanto a sua falta"......

Como não se emocionar?

Temos a impressão de ouvir Michael estalando os dedos e sorrindo de volta.

Depois de tanta emoção é hora de remexer os quadris.

"Night"mostra uma Janet dançante, pronta pra te tirar da cadeira.

Não dá pra ficar sentada, fui lá remexer na dancefloor.

"No Sleep" é a faixa que relembra os velhos tempos.

Tem um toque fortíssimo de R&B e conta com a participação de J.Cole.

A música é o carro chefe do disco e fez uma estreia sensacional.

Ficou semanas no primeiro lugar.

Mais duas faixas que parecem saídas de um liquidificador de R&B.

"Take me away" é um pouco arrastada e soa desfocada.

E "Promise"é  curta e gostosa.

57 segundos que me deixou com água na boca.

"Black Eagle" segue adiante com a voz aveludada sussurrando em nosso ouvido.

É possível imaginar-se num luar lindo, tendo a voz dela como trilha.

"Well Traveled" tem um toque country.

Estranho?

Pode ser, mesmo assim, o resultado convence.

"Gon' B Alright" finaliza colocando os pulmões tentando nos convencer de tudo vai ficar bem, que expressar sentimentos é legal.

A música tem uma influência dos anos 60.

Janet finaliza seu álbum de forma surpreendente.

E comprova que ainda tem muito a dar ao universo musical.

"Unbreakable" é um dos melhores discos do ano.

Um belo soco na cara da modorrenta indústria fonográfica.

Valeu, Janet!!















Não sei o que teria sido a minha vida sem o New Order .

A banda britânica pontuou toda a minha  adolescência e se eternizou até agora.

Impossível lembrar de todos os momentos, mas posso jurar que foram inúmeros.

E todos dignos de rodopios eletrizantes.

A dance floor dos anos 80/90 tinha estilo.

Não era nada comum ou cansativo.

Pelo contrário.

Era sensacional  ter ao  alcance sucessos que iam de Depeche Mode à Grace Jones,

O tempo passou.

Hoje sou uma quarentona que tem um baú repleto de recordações musicais.

São coisas que me remetem a um tempo em que atitude era importante.

Estou falando de atitude de verdade, não essa coisa meio fake que a juventude adotou com Lady Gaga & Cia.

New Order era atitude.

Uma parte das canções nos botavam pra dançar.

E outras nos levavam direto pra uma reflexão repleta de sons intenso e tristes.

Eles sempre tiveram a capacidade de colocar tudo em diversos lugares.

Uma parte dessa competência continua intacta.

A outra foi digerida pela indústria e perdeu o encanto.

Mas isso é normal, vivemos numa época da globalização, a internet mastiga tudo e nos entrega  bem diluído.

Essa é a realidade.

Ela dá.

Ela tb tira.

O novo disco do New Order chama-se “Music Complete”.

Faz jus à uma banda que continua fazendo músicas dançantes com extremo bom gosto.

Mas algo se perdeu, algo ficou pra trás.

Ouvi com a sensação de que o disco é bom, mas jamais terá o brilho de antes.

E isso é normal né?

O que posso esperar de uma banda que está há anos fazendo a mesma coisa?

Cá entre nós, seria desolador imaginá-los fazendo algo diferente.

Isso é New Order.

Ponto final.

Eu sou do tipo que compra discos de quem gosto.

Gosto de ter  a obra em mãos.

Quero o registro oficial.

Quero sentir o toque do disco, olhar o encarte.

E olha que nem se compara ao prazer de pegar num vinil.

Mas não serei hipócrita em negar que ouvir o disco via spotify pelo meu celular.

Que coisa mais desanimadora.

Não tem poesia.

Não tem poder.

Parece música de radinho de pilha.

A curiosidade venceu mais uma vez.

Porém, não alterou o resultado.

Gostei do disco.

Algumas faixas são mais poderosas que outras.

Fiquei envolvida por “Stray Dog” parceria com Iggy Pop num vocal possante.

E gostei de quase todas as outras.

A velha guitarra de Bernard Sumner ainda tem o poder de me levar de volta aos anos dourados.

E nem deu pra sentir falta do exibido Peter Hook, que  chamou os integrantes de  fraude.

“Music Complete”  é um disco que não faz feio.

Produz hits dignos da fama criada pela banda.

A importância musical do New Order é tanta que fica impossível não aplaudir este novo trabalho.

Pode não ter o mesmo vigor de antes, mas quem liga?

Produzido pelos geniais Stuart Price e Tom Rowlands, Sumner dá uma banana federal ao arrogante ex-parceiro.

Fraude ou não, New Order segue sendo fiel à sua história.

Ótimo registro de uma banda que sabe fazer dançar com inteligência e elegância.